É PRECISO CONHECER A POLÍCIA MILITAR
Vivemos um momento de uma veloz mutação organizacional em nossa corporação. Mudanças estas promovidas pelas arbitrariedades da Cúpula da PM (era eliésio) e outras de situações que surgiram ao longo do caminho da luta dos praças e impuseram à formação de um novo cenário institucional.
Até mesmo para os soldados mais modernos, incluídos há pouco mais de dois anos, a Polícia Militar não é a mesma da época em que ingressaram. Imaginem então para aqueles soldados que já estão beirando a reserva remunerada.
É preciso, portanto, conhecermos realmente a instituição que servimos. Além do já conhecido sistema opressor, é fundamental compreendermos a estrutura desse sistema. Quantos de nós, por exemplo, saberiam relacionar quantos conselhos de disciplina foram instaurados após a “Dezembrada”, quantos policiais já foram excluídos em decorrência dessas perseguições?
Na verdade, é preciso saber mais que isso. Geralmente identificamos apenas aquilo que nos agrada, que nos faz permanecermos na inércia do cotidiano. A questão aqui não é ocultarmos ou minimizarmos nossas virtudes. Mas, por outro lado, é preciso identificarmos os problemas, reconhecer os agressores e combater as perseguições e humilhações.
Os senhores sabiam que a PMSC tem o 7º pior salário do País, mas está entre os maiores arrecadadores de impostos?
Que o Presidente da República sancionou uma lei anistiando os policiais que lutaram por melhorias salariais, mas o governo estadual não a reconhece?
Que além dos vinte e um policiais excluídos e dos mais de 50 Conselhos de Disciplina (inquisitórios) instaurados, milhares de policiais são perseguidos, punidos e humilhados e seus locais de trabalho?
Que os animais da Cavalaria e do Canil são mais bem tratados do que os próprios policiais? Pois os animais domesticados recebem ração de qualidade e períodos intercalados de descanso e trabalho, enquanto que os animais fardados (leia-se praças) recebem uma alimentação insatisfatória e trabalham em extensivas jornadas de trabalho.
Que a maioria dos policiais militares recorrem a “bicos” devido aos baixos salários, chegando cansados para o serviço policial?
Que o nosso Centro de Material Bélico tem um dos melhores serviços de recarga de munição do país, mas a grande maioria dos policiais militares está há anos sem realizar um tiro sequer em instrução?
Que a Polícia Militar Ambiental trabalha incessantemente em prol da fauna e da flora, mas o seu “habitat” (Batalhão) é um antigo prédio abandonado, que está prestes a cair, onde nem os mendigos têm coragem de ocupar?
Que a relação policiais por habitante diminui a cada ano, refletindo diretamente no aumento da criminalidade?
Estes são alguns exemplos de muitas outras ações e práticas que, por si só, diminuem e desvalorizam a profissão “Policial Militar”, superando as expectativas quando do ingresso dos jovens policiais na corporação.
É importante, enquanto multiplicadores e até formadores de opinião, exercitarmos a disseminação da realidade daquilo que nossa corporação imprime aos seus operários. As perseguições e humilhações tendem a evoluir em progressão geométrica e, por isso, é crucial apresentarmos a verdadeira realidade aos catarinenses e ao país.
Abaixo a Ditadura! Escancarada ou não!
Santa Catarina, 1º de Maio de 2010.
Nota: Este texto foi feito em resposta à alocução do Capitão Alessandro Marques( http://www.pm.sc.gov.br/website/redir.php?act=1&id=7182)
Ameaças: