Matéria do DC aborda violência policial
O Diário Catarinense publicou nesta quarta-feira uma reportagem sobre os recentes casos de violência policial. Na reportagem o Sargento Amauri Soares, presidente da Aprasc, defende mais apoio psicológico aos PMs e também melhores salários. Leia abaixo
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Tortura ou justiça?
A reportagem ganhou a capa e duas páginas da edição do DC do último domingo. As imagens são fortes e ninguém nega o fato de que dois policiais agrediram um homem desarmado, que, em momento algum, reagiu, e estava dentro da própria casa, na Capital. O que, desde então, tem passado longe do consenso é a opinião sobre a ação dos PMs. O homem mereceu apanhar, pois estava andando nu pelas ruas? Ou ele foi vítima de uma sessão de tortura?
As opiniões publicadas nestas páginas são o reflexo do que pensa a maioria dos internautas que se manifestavam sobre o assunto. Até a tarde de ontem, dos 230 comentários registrados no www.diario.com.br, em 136 (56,6%) os leitores achavam que o homem espancado fez por merecer a surra e que a polícia agiu certo.
Para entender esta reação, o DC ouviu especialistas de diversas áreas. Um ponto é unânime entre os entrevistados: as pessoas estão cada vez mais vivendo com o sensação de insegurança e defendem a própria violência como uma das formas imediatas de resolver o problema.
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Justiça desacreditada
O que leva as pessoas a pensarem assim? Não há apenas um fator que possa ser analisado. Estão em jogo a formação, os valores, o aprendizado no coletivo e o papel do Estado. Para Thais Luzia Colaço, professora de antropologia jurídica do Departamento de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, as opiniões mostram a falta de credibilidade com o judiciário.
– As pessoas vivem num estado de insegurança, onde a violência gera violência. Acabam se protegendo de forma violenta e querem fazer justiça com as próprias mãos – diz Thais.
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Dois pesos
O caso dos PMs também revela pensamentos impregnados em nossa cultura: ninguém apanha sem motivo e os direitos humanos defendem apenas bandidos, opina Danielli Vieira, doutorando em Antropologia Social e pesquisadora do Laboratório de Estudos das Violências da UFSC:
– Somos todos iguais perante a lei, mas, em nosso cotidiano, legitimamos ações arbitrárias.
Ela leva em conta que o julgamento costuma ser feito com base na “qualidade” da pessoa em questão. Trabalhador ou desocupado, mãe de família ou prostituta, bem vestido ou com cara de delinquente. O debate, defende, é importante para ampliar o papel da sociedade sobre violência, democracia e as instituições.
Outros casos de violência policial foram alvo de polêmica. Os mais recentes são o dos jovens de Timbó e dos presos em São Pedro de Alcântara.
FLAGRANTE
Cultura de violência
A razão da discórdia também pode estar na figura humana. A psicóloga e professora da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Giovana Delvan Stuhler, lembra que o homem sofre influência sobre o que pensa, pela convivência, observação ou até mesmo de autoridades:
– Numa negociação no comércio, por exemplo, a “tendência” quando há uma reclamação a fazer é a pessoa protestar de forma mais brutal e não negociar. Porque ela sabe que, se for de maneira mansa, vai demorar a ser atendida.
Outro fator destacado por Giovana é uma suposta visão simplista dos fatos. Ela cita o que aconteceu na década de 1980, quando muita gente defendia a Aids como forma de acabar com os homossexuais.
– Uma visão simplista, absurda e preconceituosa – conlclui a psicóloga.
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Com as próprias mãos
A resposta também pode estar em problemas para lá de conhecidos, como a corrupção. Desembargador aposentado e com mais de quatro décadas de atuação na advocacia e magistratura, Carlos Alberto Silveira Lenzi considera este um sinal de violência social e política, que gera reflexos em toda parte.
– O cidadão está cansado e quer agir com as próprias mãos. Mas não pode. Existem leis para isso – reforça Lenzi, reconhecendo a morosidade da Justiça como um dos complicadores.
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O próprio PM
Um dos policiais militares que espancou o morador do Bairro Coqueiros falou ontem ao programa Notícia na Manhã da Rádio CBN Diário. O militar confirmou a versão que havia apresentado ao deputado e sargento Amauri Soares, divulgada ontem pelo DC. O PM disse que cometeu as agressões por impulso, para proteger uma empregada doméstica.
De acordo com o militar, havia dois anos que a vítima denunciava que era molestada pelo “tarado do Parque de Coqueiros”.
– O bom é que essa moça agora pode trabalhar descansada. Ela, graças a Deus, me agradeceu muito. O vilão da história passou a ser vítima – declarou o policial.
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Estresse vira agressividade
O cotidiano de um trabalho estressante e arriscado dos policiais também pode estar por trás de casos de agressão. Para o deputado Amauri Soares, presidente da Associação dos Praças de Santa Catarina (Aprasc), é preciso ampliar o atendimento psicológico oferecido aos policiais militares.
Soares afirma que a atual quantidade de profissionais à disposição é insuficiente. O líder da categoria diz que os PMs deveriam passar por uma reciclagem nos consultórios a cada seis meses, mas lamenta ainda existir preconceito entre os próprios militares. Quem procura psicólogo é tachado de louco.
Nos meios policiais do Estado, comenta-se que a insatisfação dos praças e soldados aumentou desde o final de 2008, quando houve protestos e fechamento de quartéis. O motivo é a não implantação da Lei 254, que prevê reajuste salarial.
Além da apuração da conduta dos militares no espancamento flagrado pelo DC, o episódio terá ainda desdobramentos para a vítima agredida. O homem será investigado por policiais civis da 4ª DP, em Coqueiros. A determinação é do delegado Jaime Martins.
Na segunda-feira, depois da veiculação da reportagem pelo DC, a mulher que se dizia vítima do homem agredido procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência. O homem poderá responder por atos obscenos ou até atentado violento ao pudor.
O Diário Catarinense publicou nesta quarta-feira uma reportagem sobre os recentes casos de violência policial. Na reportagem o Sargento Amauri Soares, presidente da Aprasc, defende mais apoio psicológico aos PMs e também melhores salários. Leia abaixo
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Tortura ou justiça?
A reportagem ganhou a capa e duas páginas da edição do DC do último domingo. As imagens são fortes e ninguém nega o fato de que dois policiais agrediram um homem desarmado, que, em momento algum, reagiu, e estava dentro da própria casa, na Capital. O que, desde então, tem passado longe do consenso é a opinião sobre a ação dos PMs. O homem mereceu apanhar, pois estava andando nu pelas ruas? Ou ele foi vítima de uma sessão de tortura?
As opiniões publicadas nestas páginas são o reflexo do que pensa a maioria dos internautas que se manifestavam sobre o assunto. Até a tarde de ontem, dos 230 comentários registrados no www.diario.com.br, em 136 (56,6%) os leitores achavam que o homem espancado fez por merecer a surra e que a polícia agiu certo.
Para entender esta reação, o DC ouviu especialistas de diversas áreas. Um ponto é unânime entre os entrevistados: as pessoas estão cada vez mais vivendo com o sensação de insegurança e defendem a própria violência como uma das formas imediatas de resolver o problema.
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Justiça desacreditada
O que leva as pessoas a pensarem assim? Não há apenas um fator que possa ser analisado. Estão em jogo a formação, os valores, o aprendizado no coletivo e o papel do Estado. Para Thais Luzia Colaço, professora de antropologia jurídica do Departamento de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, as opiniões mostram a falta de credibilidade com o judiciário.
– As pessoas vivem num estado de insegurança, onde a violência gera violência. Acabam se protegendo de forma violenta e querem fazer justiça com as próprias mãos – diz Thais.
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Dois pesos
O caso dos PMs também revela pensamentos impregnados em nossa cultura: ninguém apanha sem motivo e os direitos humanos defendem apenas bandidos, opina Danielli Vieira, doutorando em Antropologia Social e pesquisadora do Laboratório de Estudos das Violências da UFSC:
– Somos todos iguais perante a lei, mas, em nosso cotidiano, legitimamos ações arbitrárias.
Ela leva em conta que o julgamento costuma ser feito com base na “qualidade” da pessoa em questão. Trabalhador ou desocupado, mãe de família ou prostituta, bem vestido ou com cara de delinquente. O debate, defende, é importante para ampliar o papel da sociedade sobre violência, democracia e as instituições.
Outros casos de violência policial foram alvo de polêmica. Os mais recentes são o dos jovens de Timbó e dos presos em São Pedro de Alcântara.
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Cultura de violência
A razão da discórdia também pode estar na figura humana. A psicóloga e professora da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Giovana Delvan Stuhler, lembra que o homem sofre influência sobre o que pensa, pela convivência, observação ou até mesmo de autoridades:
– Numa negociação no comércio, por exemplo, a “tendência” quando há uma reclamação a fazer é a pessoa protestar de forma mais brutal e não negociar. Porque ela sabe que, se for de maneira mansa, vai demorar a ser atendida.
Outro fator destacado por Giovana é uma suposta visão simplista dos fatos. Ela cita o que aconteceu na década de 1980, quando muita gente defendia a Aids como forma de acabar com os homossexuais.
– Uma visão simplista, absurda e preconceituosa – conlclui a psicóloga.
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Com as próprias mãos
A resposta também pode estar em problemas para lá de conhecidos, como a corrupção. Desembargador aposentado e com mais de quatro décadas de atuação na advocacia e magistratura, Carlos Alberto Silveira Lenzi considera este um sinal de violência social e política, que gera reflexos em toda parte.
– O cidadão está cansado e quer agir com as próprias mãos. Mas não pode. Existem leis para isso – reforça Lenzi, reconhecendo a morosidade da Justiça como um dos complicadores.
FLAGRANTE
O próprio PM
Um dos policiais militares que espancou o morador do Bairro Coqueiros falou ontem ao programa Notícia na Manhã da Rádio CBN Diário. O militar confirmou a versão que havia apresentado ao deputado e sargento Amauri Soares, divulgada ontem pelo DC. O PM disse que cometeu as agressões por impulso, para proteger uma empregada doméstica.
De acordo com o militar, havia dois anos que a vítima denunciava que era molestada pelo “tarado do Parque de Coqueiros”.
– O bom é que essa moça agora pode trabalhar descansada. Ela, graças a Deus, me agradeceu muito. O vilão da história passou a ser vítima – declarou o policial.
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Estresse vira agressividade
O cotidiano de um trabalho estressante e arriscado dos policiais também pode estar por trás de casos de agressão. Para o deputado Amauri Soares, presidente da Associação dos Praças de Santa Catarina (Aprasc), é preciso ampliar o atendimento psicológico oferecido aos policiais militares.
Soares afirma que a atual quantidade de profissionais à disposição é insuficiente. O líder da categoria diz que os PMs deveriam passar por uma reciclagem nos consultórios a cada seis meses, mas lamenta ainda existir preconceito entre os próprios militares. Quem procura psicólogo é tachado de louco.
Nos meios policiais do Estado, comenta-se que a insatisfação dos praças e soldados aumentou desde o final de 2008, quando houve protestos e fechamento de quartéis. O motivo é a não implantação da Lei 254, que prevê reajuste salarial.
Além da apuração da conduta dos militares no espancamento flagrado pelo DC, o episódio terá ainda desdobramentos para a vítima agredida. O homem será investigado por policiais civis da 4ª DP, em Coqueiros. A determinação é do delegado Jaime Martins.
Na segunda-feira, depois da veiculação da reportagem pelo DC, a mulher que se dizia vítima do homem agredido procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência. O homem poderá responder por atos obscenos ou até atentado violento ao pudor.
1 comentários:
o que alem de pagarem mal ainda querem punir o policial por trabalhar, tem que tratar cada um como merece vagabundo e cidadao , agora o coitado do pm, que ganha uma bosta de salario ainda e homem e sofre pelo que ve os outros sofrerem,, ate quando eim..
a midia desse jeito quer mais crime mesmo, deviam estar estrupando a mae do que tirrou a foto pra ver se este filho da put,,,. faria isso
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